"Parvovirose em cachorros: sintomas, tratamento e prevenção"

Saiba tudo sobre a parvovirose do cachorro
Por Dr. Marcio Waldman -
4 de maio de 2014

A parvovirose é uma doença viral, que acomete cães, principalmente filhotes. Por isso, o inicio da vacinação aos dois meses de idade é fundamental. É uma doença que pode levar seu pet à morte (em filhotes atinge mais de 80% de mortalidade, principalmente se ele estiver acometido com outras doenças como verminose ou agentes como Salmonella ssp, Giardia ssp etc).
Acomete cachorros de qualquer raça, sendo que algumas raças puras têm maior mortalidade, como doberman e rottweiller. Os sintomas muito intensos, a evolução rápida, a mortalidade elevada e a janela de risco do filhote fazem essa doença uma verdadeira tragédia familiar. No Brasil, um surto na década de 80 dizimou grande parte da população canina.
Iremos falar mais adiante sobre os sintomas da doença, mas rapidamente podemos dizer que os principais sintomas da parvovirose são falta de apetite, vômitos, febre alta, desidratação, diarreia variando de mucosa a sanguinolenta com odor pútrido.

Entenda a doença
Parvovirose significa uma doença causada pelo Parvovirus, um vírus (também conhecido como CPV) que pode ficar de forma infectante no ambiente e em produtos infectados por até seis meses, é muito resistente aos desinfetantes domésticos sendo um pouco mais sensível aos desinfetantes usados em clínicas veterinárias a base de amônia quaternária.
O cachorro se infecta cheirando esses locais e aspirando uma certa quantidade de vírus. Uma vez o vírus entrando dentro da cavidade nasal, ele se reproduz nos gânglios submandibulares (linfonodos), até atingir uma grande população de vírus e ser capaz de contaminar o resto do organismo do cachorro. Nesse momento não há sinal clínico ou sintomas evidentes. Talvez um pequeno aumento de linfonodos submandibulares, também conhecido como linfoadenomegalia, que pode ser confundido com centenas de doenças que também causam esse aumento dos gânglios.
Após essa fase, ocorre a fase virêmica, nessa fase geralmente temos uma grande diminuição dos glóbulos brancos, responsáveis pela defesa imunológica, chamado de leucopenia, onde os vírus entram na circulação sanguínea do cachorro infectado e procuram órgãos com grande atividade celular. Por isso a infecção se dá no trato digestivo e temos alguns relatos de infecção no coração de filhotes, chamada de miocardite por parvovírus.
No trato digestivo, o vírus causa lesão, inflamação e morte das células epiteliais, gerando uma exposição da camada abaixo da superfície do intestino, mais conhecida como submucosa. Essa região é rica em vasos sanguíneos que têm importante função na absorção de nutrientes. Sob a ação intensa dos vírus com inflamação e necrose (morte), ocorre sangramento em grande quantidade – que causará o principal sintoma da parvovirose. Um médico veterinário sempre que se deparar com diarreia com sangue deve tentar um diagnostico diferencial com a parvovirose canina. Geralmente a diarreia começa 3 a 7 dias da infecção inicial. Essa é a fase mais dramática, pois a quantidade de fezes sero-sanguinolenta é muito grande e causa uma grande piora no estado geral do cachorro.
Sintomas da Parvovirose
Os sinais iniciais são muito vagos e inespecíficos como febre, letargia, prostração, diminuição ou falta de apetite. Após um ou dois dias, iniciam os sintomas digestivos como vômitos (que podem ser amarelados ou avermelhados) e diarreia. A diarreia geralmente é sanguinolenta indo da coloração vermelha até a negra, com cheiro extremamente forte e em grande quantidade. Nessa hora a desidratação já está instalada e junto com a queda dos glóbulos brancos (defesa do organismo) associado a grande área intestinal desvitalizada e com vasos locais expostos ao interior do trato digestivo favorece a septicemia, ou seja a entrada de bactérias intestinais na circulação sanguínea levando a um quadro clássico intitulado de choque septicêmico, que pode levar a morte rapidamente.
Diagnóstico da Parvovirose
O diagnóstico da parvovirose pode ser feito pelo histórico (anamnese), pelos sinais clínicos e por exames laboratoriais. Na anamnese, vamos encontrar toda a história de evolução da doença, deve-se perguntar sobre vacinações (visto ser mais frequente em animais não vacinados ou com esquema vacinal incompleto), deve-se perguntar sobre contato com outros animais ou com fezes de outros cachorros. Deve ser perguntado a cor das fezes e do vômito, a quantidade, bem como o seu odor. Podemos utilizar exames laboratoriais simples como hemograma onde perceberíamos uma leucopenia (diminuição de leucócitos) na fase inicial da doença e ir até exames complementares mais sofisticados como testes de anticorpos contra o parvovírus canino, exames para detectar partículas virais nas fezes etc.
Tratamento da Parvovirose
De acordo com o estágio da doença, o tratamento pode variar. Por ser uma doença viral, o tratamento de suporte e sintomático é o escolhido. Reposição de fluidos, antibiótico para evitar as infecções secundárias, antieméticos contra os vômitos e outras condutas dependendo do que o pet apresenta.
Internamento do cachorro com cuidados intensivos por 24 horas ao dia, principalmente na fase diarreica, é fundamental para termos alguma chance de sobrevivência. Os médicos veterinários utilizam técnicas avançadas de fluido terapia e de antibioticoterapia para evitar ou reverter o choque septicêmico.
Após a melhora da fase diarreica, com o restabelecimento do epitélio intestinal, pode-se utilizar rações hipercalóricas para iniciar e estimular o funcionamento digestivo e absortivo do cachorro em recuperação da parvovirose.
Prevenção da Parvovirose
A única forma de prevenção é a vacinação regular dos cachorros. Inicia-se com dois meses de idade com uma dose inicial, seguida de duas a três doses mensalmente, nessa fase o ideal é evitar que o mesmo entre em contato com outros cachorros ou saia na rua para passear. Após essa fase do filhote, a revacinação anual é indicada.
 

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